quarta-feira, 12 de março de 2008

Foto: Graça Loureiro



E os nossos olhares estão mexendo comigo. Ainda não posso escrever muito por não conseguir entender o que estou sentindo realmente. Uma mistura de entusiasmo com frio na barriga. Tento tornar tudo tão racional para fazer algum sentido. Esquecendo que o sentido vem junto com os acontecimentos, ficar maquinando para tentar entender é bobagem. Passo para a escrita tentando ver se tomo alguma atitude diante dessas tempestades que me causa. Ou não.


A verdade é que você me atraí. Há alguns dias passei a reparar nos seus mínimos. Mãos, nuca, cabelos, olhos, boca. Fragmentos da sua voz, olhares que dispertam, sorrisos mais puros que já vi. Em algum momento você tornou-se uma possibilidade de amor. Não sei exato. Uma vontade de estar perto foi crescendo em mim, estar junto me trazendo movimentos.


Ontem por aqui teve frios na barriga vindos de um desejo de falar sobre a intenção que tenho de nós. Te falar que anda me causando. Por talvez ser covarde ou por não encarar muito bem um não, preferi ficar com a incerteza do seu olhar, do nosso olhar. Não sou forte o suficiente e nessa de não ser forte fico com as imaginações das possibilidades, fico com o que há de mais romântico e egoísta da gente. Deixo tudo comigo. Por agora é muito cedo para ter certezas meu amor. Espero que compreendas.





quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Foto: Ana Red.
Obrigada pela atenção, mas não é você quem eu quero encontrar. E te falo isso no meio da correria, no meio do dia, da confusão. Em paralelo a um outro afeto me atravessando, uma expectativa de um atendimento clínico - ossos do ofício -
Percebo como num estalo, já que sempre sou assaltada por ele, carregado de uma sinceridade comigo, com você e com ela.
Só apenas não sei ainda dizer adeus pra você e quando não sei ainda os meios de dizer, muitas vezes é porque não existe o desejo real, mas isso são apenas justificativas de não fazê-lo.
Olhei pra onda quebrando e lembrei da leveza que você me dá. Penso as vezes que sou apenas constituída por paixões urgentes que me assaltam, não dando tanto valor a outros atravessamentos que me afetam e que acolho. Por muitas vezes levando-me a generalização dos dias e dos encontros nossos.
Então corrijo-me: hoje não é com você que quero me encontrar. Obrigada pela leveza em que deixa meus movimentos brutos.
Não só digo à você tudo isso no meio do dia. Os acontecimentos que afetam e marcam ocorreram hoje no meio de todos os outros grandes acontecimentos bem no meio do meu dia.
Começo a escrever sobre o sentimento urgente que você despertou, no meio do caminho. Entre a saída do atendimento e a ida ao médico, precisamente, no ponto de ônibus.
Então. Falar dessa urgência despertada por um telefonema seu. Do quanto esperei pelo que você tem para me dar agora.
Das melhores intenções minhas com os mais sinceros afetos seus.
Faço tudo isso por mim, por você, por nós.
Assim mesmo sem sentido para os outros.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Foto: Baby saMY

Mais uma vez reli seu e-mail e não consigo te encontrar nessas palavras. Não por não existir um devir carinhoso em você mas talvez por eu não saber lidar com ele. Ou falta de coragem mesmo.
Ando sentindo muita saudade da gente. Das conversas às nossas produções nos encontros. Dos seus olhos ao seu jeito de me fazer carinho. Das palavras à ausência delas e do silêncio aos olhares que ele provocava.
Sinto saudade de mim quando estava com você - que não vejo mais no lugar que era nosso, no que era íntimo.
Da timidez em que me deixava. As idéias que produzia para te surpreender no qual acabava por me deixar surpresa. Da sua aproximação e das minhas vertigens perante a. Do não arrebatador que dizias para as minhas fixações, paranóias ou qualquer coisa parecida. Do sim... muitas vezes amavél proporcionando-me à quebra dos muros que demorei tanto pra subir.
Ontem-hoje-talvez amanhã e reticências-andei-ando-andarei com a saudade no peito-barriga-pernas-mãos-coração-corpo... e você no pensamento.
Uma vontade enorme de te ligar pra dizer tudo isso. Mas minha saudade ainda não tem voz.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008


Esses dias percebi num instante de um momento o quanto sou apaixonada por mínimos. E adivinha?! me veio você no pensamento. Seus olhos, sua boca, todos os jeitos singulares de ser pelos quais me apaixonei.
Mas não quero falar só dos mínimos e dessa descoberta fantástica hoje. Quero falar das frases, dos mínimos que andas a me escrever no qual tem me levado a sentir os máximos.
Ler que sente falta foi surpreendente, mas mais surpreendente foi ver o quanto é fantástico ter ainda essa sensação com você. Possibilita-me uma felicidade aguda.
Uma frase outra - curta - me fez tombar lágrimas sem ter noção de uma explicação ou sentido. Mais um outro detalhe seu amado por mim. Simples... provocando tempestades...

Um medo abateu em mim. Ter consciência de algo se transformando no real. Uma virtualidade se atualizando diria Bergson, mas aqui, nesse espaço onde os sonhos ganham voz, a sensação dele tornando-se é um tanto apavorante.
Pensei pedindo quase alto para que não brincasse comigo.

A felicidade as vezes é tão aguda que chega a doer de felicidade.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A despedida dói mas foi uma escolha minha. Certo errado. Não tenho parâmetros para tal julgamento.
Entro num caminho de incertezas - mesmo não saindo dele em nenhum momento de nós - traço minha linha de fuga dentro da nossa relação.
Preciso ir. Quero ver o mundo com novos olhos, só meus.
Gastei você e eu. Excessos na nossa relação enchi de.
Caminhar com minhas pernas se faz urgente. Tropeços. Tombos. Levantar. Caminhar. Necessários.

Um tempo. Talvez pela incerteza que carrego desse ato de separação.

Voltar. Quando for outra urgência.

O novo. Medo. Pular no escuro.

A pessoa nova. Apostas. Confiança. Energia. Movimento.

A pessoa passado-presente. Saudade. Bons momentos. Momentos. Trocas. Paixão. Resistências. Reticências. Olhos. Olhares. Esperança. Carinho. Confiança. Fim. Começo. Meio. Entre. APRENDIZADO. Admiração. Uma certa leveza.

Eu. Apostando. Confusa. Carente. Luto. Paixão. Morte. Movimento. Te amando por onde for. Choro. Sufoco. Tristeza. Saudade. Lembranças. Abandono. Novos caminhos.

Não queria ter te perdido de mim em mim. Exigi o que você não podia me dar.
Sustentar um lugar foi a sua escolha.
Você que pra sempre carregarei dentro de uma saudade.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007



Me entregar da forma que foi nao diz de você mas de mim.

Hoje uma amiga me disse que tudo o que nos causa medo nos atraí. Na hora discordei. Lendo Clarice, dentro de uma frase senti meu peito explodir por tudo que aconteceu.

"Tenho medo da paixão". A frase sublinhada, mania minha de grifar o que é tão meu encontrado no outro.

Então tenho medo da paixão, e nem me lembrava mais já que há muito a paixão não me assalta por alguém real. O que faço da paixão é assustador!

Qualquer outra coisa que me possa tirar do centro, da segurança do meu mundo, caio de cabeça. Fazendo com elas e delas um movimento altamente destrutivo.

Apesar de você ter sido uma filha da puta, talvez nem ache tudo isso, nada da minha verdadeira dor tem relação com você. Mesmo ainda achando ao contrário. Sempre é mais fácil por a culpa em alguém.

Em cinco dias a paixão fez de mim a pessoa mais feliz - felicidade de cocaína - Na semana seguinte lá estava eu sofrendo, acabada, destruída como se tivesse terminado um relacionamento de dez anos. A desejada paixão-destruição que meu querido incosciente gosta. Se é que isso é real. Sabe-se lá se o Dr. Freud está certo.

tá, agora sabendo disso tudo não sei o que faço dessa desorganização dos meus movimentos. Da minha grande atração ao que me destrói, do que me causa. Questiono essa forma de viver mesmo não sabendo ainda fazer da alegria meu forte desejo.

Fico como Clarice que perdeu alguma coisa que era essencial e que não é mais. Estou perdendo a vontade de estar doendo sempre, minha terceira perna que não me deixa andar mas torna-me estável.

O que nasce em mim de mim não sei o que é o que sou.

Procuro Clarice quando quero me achar. Me tira o sono. Tendo o dom de me fazer perder dentro de mim, achando sempre sendo outra em outro caminho que não é aquele mais que me levou à ela.

Ah minha doce Clarice...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007


As palavras estão me remetendo a um fundo escuro. Me paraliso perante ao dito, que não é diretivo. Solto num outro objetivo. Mas vem certeiro ao alvo, a minha dor.
Você foi e no seu lugar ficou uma dor pelas palavras que ferem sem intenção. Talvez nem você tivesse a intenção, não de ir embora. A intenção da dor.
Busco em lugares que não sei o nome o seu nome. Sem nomes, sem ditos é o que desejo viver agora. Um deixar fluir sem rótulos.
Não precisamos de rótulos. E falo pra você nova pessoa que surge pra mim. Somos muito mais que apenas rótulos de sociedade.
Apenas somos. Apenas quero que sejamos.
Ser eu.
Ser você.
Sermos nós.
Me largo na simplicidade de ser apenas.